enrolamo-nos no cobertor e olhamos pela janela. nada interessa. o mundo não é fácil, nunca foi, porque haveria de ser agora? ninguém quer saber de nada. mas respiramos fundo. ouvimos facadas na viagem para casa e sorrimos. é mais fácil sorrir. quando se sorri ninguém quer saber de nada. o nosso mundo desmorona-se, mas se sorrirmos ninguém vê. olhamos para o chão. somos um todo. quando gritamos somos um todo, quer queiramos quer não. e depois acordamos. olhamos pela janela outra vez. já não está escuro. o céu está cinzento. entretanto lembramo-nos do shot de gin que na noite anterior bebemos sem qualquer objectivo, e dos cigarros que fumamos sem qualquer objectivo. porque é tudo demasiado dificil para tudo na vida ter objectivo. pensamos de mais e sofremos. queremos de mais e sofremos. vivemos de mais e sofremos. a caixa dos comprimidos continua na gaveta da escrivaninha. um aviso. fa-lo se quiseres. fica sozinha para sempre. alguém vai ter de abrir a porta. alguém vai ter de reparar. se houver arrependimento...não interessa, a maioria das coisas deixaram de ter importância.