sábado, 14 de julho de 2012


partiste. não te preocupes, não foste só tu. mas tu fizeste-o. deixaste-me sem fotografias. sem memórias. sem sorrisos de algo que no meu universo só existe num filme. um mísero filme de um natal passado. tão passado que todos já se esqueceram dele. um natal velho, desgastado, quase morto, quase vivo na imagem com movimento que se vê cansada de tantas vezes repetida. estranho como morreste continuando vivo. estranho como a ausência se tornou no vazio de um ser ao qual em tempos chamaste teu, se alguma vez me chegaste a achar tua. sou de ninguém. sou do vento. sou das saudades. sou das lágrimas. sou dos sonhos. sou das estações de comboio que em mim veem partir os outros. alguns partem mensalmente. alguns partem quase para sempre. mas de que te interessa tudo isso? de nada. porque tu fugiste. tãnto tu como quem não deveria ter fugido fizeram-no. estranho. afinal de contas somos uma família de fugitivos destroçada num assalto de memórias inexistentes.