o nevoeiro entra pelo chão. a lua perde-se num céu cada vez mais claro. o cheiro a novo nasce outra vez. está frio. o casaco não chega. as pernas andam mais rápido. a padaria está aberta. um pão com manteiga por favor. abre-se a porta com cuidado. ainda dorme gente. e a torneira deita água quente. e a água quente escorre pelo corpo gelado. a primeira luz do dia começa a entrar pela janela. acredita-se na simplicidade das manhãs, e no seu silêncio, ouvem-se ao longe gritos tão calados, tão mortos, que com o nascer do dia deixam os seus pedaços pelos passeios escorregadios.