quinta-feira, 19 de dezembro de 2013




Bebe. Não.
Levanta-te. Não.
Vive. Não.
Em que te tornaste? No fatal esquecimento de mim em ti.
Se ao menos tivéssemos envelhecido sem tempo, sem lugares de insónia, sem alturas em que eramos corpos com sombra. Repara, hoje o que resta de nós são sombras esfarrapadas, tão esfarrapadas quanto as nossas roupas.
O nosso próprio tédio suspende a respiração da esperança que não temos. E as velas vão-se apagando e a escuridão começa a crescer, divisão por divisão, lembrança por lembrança.
Uns morrem de fora para dentro, nós morremos de dentro para fora. A solidão bateu de leve à nossa porta e eu abri-a. Para quê recusar-lhe entrada?
Anda cá, deita-te aqui junto a mim. Pousa a garrafa. Não, não te tapes! Sente. Sentes o abraço do exílio? Ouve. Ouves o chorar do tempo?
Quão fácil é desistir e no entanto tão triste…
Dá-me a tua mão. Vem desprender-te da vida comigo…