Bebe. Não.
Levanta-te. Não.
Vive. Não.
Em que te tornaste? No fatal
esquecimento de mim em ti.
Se ao menos tivéssemos
envelhecido sem tempo, sem lugares de insónia, sem alturas em que eramos corpos
com sombra. Repara, hoje o que resta de nós são sombras esfarrapadas, tão
esfarrapadas quanto as nossas roupas.
O nosso próprio tédio suspende a
respiração da esperança que não temos. E as velas vão-se apagando e a escuridão
começa a crescer, divisão por divisão, lembrança por lembrança.
Uns morrem de fora para dentro,
nós morremos de dentro para fora. A solidão bateu de leve à nossa porta e eu
abri-a. Para quê recusar-lhe entrada?
Anda cá, deita-te aqui junto a
mim. Pousa a garrafa. Não, não te tapes! Sente. Sentes o abraço do exílio?
Ouve. Ouves o chorar do tempo?
Quão fácil é desistir e no
entanto tão triste…
Dá-me a tua mão. Vem
desprender-te da vida comigo…